Convocação de Silval para CPMI é "sem pé nem cabeça", diz Rayel

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Embora requerimento de convocação do governador não tenha sido aprovado ainda, secretário classifica como tentativa de desviar o foco

RENÊ DIÓZ

A possibilidade de convocação do governador Silval Barbosa (PMDB) para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira foi aventada como mero artifício para desviar o foco das investigações, segundo o secretário estadual de Comunicação Carlos Rayel. “Essa é uma história sem pé nem cabeça que já vem se repetindo”, classificou o secretário.

Logo após vencer as eleições, o nome do governador foi mencionado em uma conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal nas investigações sobre os negócios escusos do contraventor Carlinhos Cachoeira, que, aparentemente, pretendia estender sua atuação para Mato Grosso, mais especificamente no controle das Loterias do Estado (Lemat).

A menção levou o deputado federal Filipe Pereira (PSC-RJ) a requerer depoimento do governador na CPMI, o qual ainda não foi votado pelos demais parlamentares. Para Rayel, procurado pela reportagem para falar a respeito de como o governador recebeu a notícia do requerimento, trata-se apenas de um instrumento utilizado pelo parlamentar carioca a fim de atrapalhar o natural direcionamento das investigações para os vínculos de Cachoeira em seu Estado.

Mayke Toscano/Hipernoticias

Esta alegação já foi utilizada por membros do PMDB em Mato Grosso em declarações à imprensa durante o último fim de semana; estaria havendo, segundo eles, uma espécie de “blindagem” em favor do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), o qual mantém estreitas ligações com Fernando Cavendish, ex-presidente da empresa por meio da qual Cachoeira supostamente conseguia dar cabo a seus interesses em diversos Estados da federação.

Rayel fez questão de minimizar o episódio no qual o deputado baseou o requerimento de convocação. “Imagina dois caras em outro lado do Brasil falando seu nome no telefone. O que você tem a ver com isso?”, resumiu. Ele também declarou que Silval está absolutamente tranquilo a respeito, até porque ainda “não há convocação alguma”.

CARLOS BEZERRA

O presidente regional do PMDB de Mato Grosso, deputado federal Carlos Bezerra, também não acredita que o requerimento do deputado federal Filipe Pereira (PSC-RJ), para que o governador Silval Barbosa (PMDB) seja convocado para prestar esclarecimentos na CPI do Cachoeira, em Brasília, seja aprovado pelo Congresso Nacional.

“Esse requerimento não tem fundamento, tenho certeza que a CPI não vai aprovar algo tão insignificante, os deputados não vão perder tempo com isso, pois está provado que o Silval não tem ligações com o Cachoeira”, afirmou Bezerra.

Questionado se ele concordava com a tese de alguns políticos, de que o requerimento da convocação de Silval seria uma manobra do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, também do PMDB, para que a CPI desviasse o foco dele, Bezerra disse não acreditar.

“Não acredito nessa manobra, isso foi leviandade mesmo de um deputado, na Câmara Federal tem gente de todo o tipo”, disparou.

Os integrantes da CPMI podem votar o requerimento para a convocação logo na volta do recesso parlamentar, no início do mês que vem. Além de Silval, outros governadores estão cotados para depor perante a comissão: Siqueira Campos (PSDB), do Tocantins, André Puccinelli (PMDB), de Mato Grosso do Sul, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Perillo, que já depôs uma vez, deve retornar devido a novo requerimento de convocação feito pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).